PERMACULTURA

PERMACULTURA
SEJA A MUDANÇA NO MUNDO!

domingo, 30 de setembro de 2007

PERIGOS DO USO DO PVC - extraído do site da REDE PERMEAR: www.permear.org.br

Parece um texto longo. Mas é importante que você leia. Comece e te desafio a não ir até o fim!

Muitas vezes vamos a locais que tem uma preocupação com o meio ambiente, e em construir soluções permanentes e nos deparamos com canos de PVC… ainda é pouco difundido pela mídia os riscos e reais perigos do uso deste material.

Assim, este artigo retirado da página http://www.nossofuturoroubado.com.br/pvccontru.htm, vem auxiliar na difusão desta informações importantes na construção de uma vida permanente no planeta.

IMPACTOS AMBIENTAIS DO POLIVINIL CLORETO (PVC OU V)EM MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL E EM ARQUITETURARELATO SUMÁRIO PARA “HEALTHY BUILDING NETWORK”
Rede da Construção Civil SaudávelJOE THORNTON, Ph.D
Para dispor do trabalho integral de 110 páginas contatar “Healthy Building Network” 2425 18thStreet, NW, Washington DC 2009-2039)

Sobre o autor
Joe Thornton, Ph.D., é pós-doutorado, cientista e pesquisador do Instituto da Terra e do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade de Columbia/USA. Suas pesquisas estão focadas nas implicações políticas e sobre a saúde, em razão da poluição química global e na evolução molecular do sistema endócrino animal. Colou os graus de Ph.D., M.A. e M.Phil. em ciências biológicas na Universidade de Columbia e o B.A. na Universidade de Yale/USA.
É autor do livro “Pandora’s Poison: chlorine health, and a New Environmental Strategy/O veneno de Pandora: cloro, saúde e uma nova estratégia ambiental” (MIT Press, 2000). Depois de uma ação conjunta com a Universidade de Columbia, em 1995, em co-autoria com a American Public Healthy Association/Associação Americana de Saúde Pública, tem lutado pela eliminação do PVC em equipamentos e utensílios médicos devido seu comprometimento pela formação de dioxinas na incineração de resíduos hospitalares. Seus trabalhos vêm sendo publicados em numerosos periódicos científicos, entre eles: Proceedings of the National Academy of Sciences, Annual Review of Genomics and Human Genetics, Public Healthy Reports, Bioessays, Sistematic Biology e International Journal of Occupational and Environmental Health.

SUMÁRIO DOS OBJETIVOS

Nos últimos quarenta anos, a resina plástica -polivinil cloreto- (PVC) transformou-se no material de construção civil mais empregado. A produção global de PVC, também conhecido nos USA como vinyl, atinge atualmente um total de mais de 30 milhões de toneladas/ano. A maioria desta produção está dirigida diretamente para materiais de construção civil, mobiliário e aparelhos eletrônicos. A fabricação, a utilização e a disposição de PVC apresentam perigos substanciais e únicos tanto à saúde humana como ambiental. Através do mundo governos, empreendimentos e organizações científicas têm reconhecido os riscos trazidos pelo PVC. Em praticamente todas as nações européias, determinados empregos de PVC foram totalmente eliminados por razões ambientais. Já certos países têm programas ambiciosos para reduzir completamente qualquer uso. Um grande número de comunidades tem políticas de rejeição ao PVC e dezenas de organizações ligadas ao “green buildings” (eco-engenharia) estão construindo com mínima ou nula presença de PVC. Firmas industriais e comerciais anunciam medidas para reduzir o consumo de PVC e estão usando ou produzindo materiais alternativos numa ampla variedade de setores produtivos, incluindo materiais de construção.
Este texto discute os perigos do ciclo-de-vida do PVC e que estão estimulando este movimento em larga escala de eliminação de todos os produtos que contenham PVC.

Os maiores riscos do ciclo-de-vida do PVC discutidos neste relato estão resumidos abaixo.

A produção de PVC é o grande consumidor global do gás cloro.
O PVC consome em torno de 40% de toda a produção de cloro, ou aproximadamente 16 milhões de toneladas de cloro/ano em todo o planeta. O PVC representa o maior produtor, em volume, de organoclorados* . Nas duas últimas décadas do século XX foram profundamente estudados, regulamentados e mesmo banidos face sua dispersão global e os riscos severos que apresentam às saúdes publica e ambiental. O PVC é o único material de construção civil que é organoclorado. Materiais alternativos, incluindo outras resinas plásticas, que não contém cloro e não estão apresentando riscos são discutidos neste texto.
* (NT) Esta é uma classe de produtos sintéticos onde estão as dioxinas e seus “primos” furanos, os agrotóxicos DDT e BHC –mais conhecido entre nós como Pó de Gafanhoto – e os retardadores de chamas PCB’s.

Subprodutos perigosos são formados durante o ciclo-de-vida do PVC.

Em numerosos pontos, durante o ciclo-de-vida do PVC (ou vinil), grandes quantidades de subprodutos organoclorados perigosos são formados acidentalmente e liberados no ambiente.

Produção.

A formação de subprodutos organoclorados perigosos começa com a produção do gás cloro. Quantidades extremamente grandes, na ordem de um milhão de toneladas/ano, de resíduos clorados perigosos são gerados na síntese do etileno dicloreto (ethylene dichloride-EDC) e no monovinil cloreto (vinyl chloride monomer-VCM), ambos precursores do PVC.

Combustão.

Ainda mais subprodutos são criados e liberados no ambiente durante a incineração de resíduos perigosos oriundos do EDC e do VCM:
a - na incineração de produtos de PVC (vinil) no fluxo dos lixos;
b - na reciclagem de produtos metálicos que contenham vinil, na combustão; e
c - na queima acidental de PVC em incêndios de prédios residenciais, depósitos e em lixões.

Subprodutos da produção de PVC são altamente persistentes, bioacumulativos e tóxicos.

As misturas químicas produzidas nas sínteses de EDC e VCM incluem certos tipos de poluentes extremamente perigosos e longevos como as dioxinas (policloradas dibenzo-p-dioxinas), os furanos (policlorados dibenzofuranos), os PCB’s (policloretos bifenilos), o hexaclorobenzeno (BHC ou HCB) e o octacloroestireno (OCE ou OCS). E ainda por cima, uma larga porção destas misturas consiste de químicos que ainda não foram identificadas ou testadas. Muitos dos subprodutos do ciclo-de-vida do PVC ou vinil geram enorme preocupação em razão de suas toxicidade persistente e bioacumulativa:

Persistência.

Significa que a substância resiste à degradação natural, imiscui-se por longo tempo no ambiente e pode ser distribuída globalmente pelos fluxos dos ventos e das águas. Muitos dos subprodutos do ciclo-de-vida do PVC são hoje poluentes ubíquos em todo o planeta podendo ser encontrados não só nas regiões industrializadas, mas nos ecossistemas mais remotos da Terra. Não há uma só pessoa que não tenha sido, nos dias de hoje, expostas a estas substâncias.

Bioacumulação.

Significa que a substância é lipossolúvel e conseqüentemente imiscui-se nos tecidos dos seres vivos. Muitas das substâncias bioacumulativas, incluindo muitas formadas durante o ciclo-de-vida do PVC, magnificam-se quando se movem na cadeia alimentar, alcançando concentrações em espécies acima na cadeia alimentar que são milhões de vezes maiores do que o nível nos ambiente circunvizinhos. Estas substâncias também atravessam a barreira placentária facilmente e concentram-se no leite materno tanto humano como de outros mamíferos.

Toxicidade.

Os precursores, aditivos e subprodutos gerados e liberados durante o ciclo-de-vida do PVC mostraram causar uma série de lesões à saúde, em alguns casos em doses extremamente baixas, incluindo:
· Câncer;
· Disfunção do sistema endócrino;
· Lesões no aparelho reprodutivo;
· Lesões no desenvolvimento infantil e defeitos de nascimento;
· Neurotoxicidade (lesões ao cérebro ou em suas funções); e
· Supressão do sistema imunológico.

Dioxinas.

Entre os mais importantes subprodutos presentes no ciclo-de-vida do PVC estão a dioxina (2,3,7,8-tetraclorodibenzo-p-dioxina) e um extenso grupo de compostos estrutural e toxicologicamente semelhantes, coletivamente chamados de dioxinas ou tipo dioxina. Nunca foram intencionalmente fabricadas, mas são formadas acidentalmente sempre que o gás cloro é utilizado ou químicos orgânicos a base de cloro são queimados ou processados sob condições reativas.
As dioxinas são formadas durante numerosos estágios do ciclo-de-vida do PVC.
A formação de dioxinas é constatada quando da produção de cloro, na síntese dos precursores EDC e VCM, na queima de produtos de vinil em incêndios acidentais e na incineração de produtos de PVC e de lixos perigosos oriundos quando de sua produção.

O vinil é a maior fonte de dioxinas.

O vinil é o doador predominante de cloro e por isto a causa maior e prevalente de formação de dioxina na maioria das fontes prioritárias de dioxinas que já foram identificadas. Quando seu ciclo-de-vida for considerado completamente, o vinil aparece estar associado a maior formação de dioxina do que qualquer outro produto isoladamente.

As dioxinas são um poluente global.

As dioxinas são hoje encontradas nos tecidos de baleias nos oceanos profundos, nos ursos polares no alto Ártico e virtualmente em cada ser humano na terra. Os nenês humanos recebem doses particularmente altas (em ordens de magnitude maiores dos que aquelas da média dos adultos) em razão de a dioxina atravessar a barreira placentária facilmente e se concentrar no leite materno.

Não se conhece dose aceitável de dioxina.

A dioxina causa danos ao desenvolvimento e à reprodução além de lesar os sistemas imunológico e endócrino em doses infinitamente baixas (menos de partes por trilhão). Estudos toxicológicos não foram capazes de fixar uma dose “limite” abaixo da qual a dioxina não causaria impactos biológicos.
A dioxina é um potente carcinogênico.
A dioxina é o carcinogênico sintético mais potente jamais testado em animais de laboratório, sendo conhecido também como um carcinogênico humano.
A dioxina apresenta riscos à saúde do público em geral e que são altíssimos.
O limite orgânico de dioxina da população humana em geral dos USA já está no mesmo nível que gera impacto adverso a animais de laboratório. A exposição do americano médio à dioxina já coloca um risco de câncer calculado, passando de um para mil para um para cem. Ou seja, milhares de vezes maior do que o padrão usual para um “risco aceitável”.

Plastificantes ftalatos.

Em sua forma pura, o PVC é rígido e quebradiço. Para fazer os produtos de vinil flexíveis, como o material de forro, de pisos e de paredes, plastificantes precisam ser adicionados em grandes quantidades ao PVC, acima de 60% em peso do produto final. O grupo dominante de plastificantes utilizados em vinil é uma classe de compostos denominados ftalatos e que colocam consideráveis riscos à saúde e ao ambiente. Vinil é o produto de construção civil onde os ftalatos são agregados extensivamente, e está em 90% de todo o seu consumo. Mais de cinco milhões de toneladas de ftalatos são utilizados em PVC a cada ano.

Os ftalatos tornaram-se poluentes globais.

Os ftalatos são moderadamente bioacumulativos e persistentes sob certas condições. Podem ser encontrados atualmente nas águas profundas dos oceanos, no ar das regiões mais remotas e nos tecidos e fluidos orgânicos da população humana em geral. Nenês e crianças estão sujeitas a exposições muitíssimas vezes maiores do que aquelas do adulto médio.
Quantidades massivas de ftalatos são liberadas para o ambiente a cada ano.
Milhões de toneladas de ftalatos são liberadas anualmente no ambiente durante a formulação e moldagem dos produtos de PVC. Ftalatos também são liberados quando o PVC é jogado nos lixões ou incinerado e mesmo quando acidentalmente os produtos de PVC são queimados. Mais do que 80 milhões de toneladas de ftalatos são estimadas estar “estocadas” nos produtos de PVC em uso, seja na construção civil ou noutras aplicações.

Ftalatos lixiviam de produtos de PVC.

Os ftalatos não fazem parte da estrutura química da resina plástica, são simplesmente aderidos ao polímero durante sua formulação. Por esta razão eles lixiviam da resina a todo tempo para o ar, a água ou para outras substâncias com os quais o PVC entra em contato.

Ftalatos danificam a reprodução e o desenvolvimento.

Os ftalatos foram identificados como causadores de danos ao sistema reprodutivo, geradores de infertilidade, de danificar os testículos, reduzir a contagem de espermatozóides, suprimir a ovulação e gerar anormalidades no desenvolvimento e na função dos testículos além de serem conhecidos como cancerígenos e danificadores do trato reprodutivo em animais de laboratório.
A exposição ao ftalato DEHP já é muito alta.
Um comitê de especialistas do National Toxicology Program/Programa Federal de Toxicologia recentemente revisou os riscos do diethylhexyl phthalate/dietilexil ftalato (DEHP, o plastificante mais comum de PVC). Afirmou sua “inquietação quanto à exposição (de nenês e crianças da população em geral dos USA) que poderá afetar negativamente o desenvolvimento do aparelho reprodutivo masculino” e “preocupação de que a exposição oral por mulheres grávidas ou lactantes por DEHP poderá afetar adversamente o desenvolvimento de suas proles”. A dose do americano médio do plastificante DEHP é agora aproximadamente igual à dose referência da EPA/USA Environmental Protection Agency (Agência de Proteção Ambiental dos USA) – a exposição máxima “aceitável” baseada em estudos do impacto sobre a saúde de animais de laboratório.

O chumbo e outros metais pesados como estabilizantes de PVC.

Em razão de que os catalisadores de PVC têm sua própria decomposição, estabilizantes metálicos são adicionados ao vinil para materiais de construção civil e em outras aplicações de longa vida. Os aditivos comuns do PVC que são particularmente perigosos são o chumbo, o cádmio e o estanho cujo consumo de cada um pelo PVC está estimado em milhares de toneladas por ano.
Os metais não se degradam no ambiente.
Os três maiores estabilizantes do PVC resistem à sua metabolização e transformam-se em poluentes globais.
Os estabilizantes metálicos são extremamente tóxicos.
O chumbo é tóxico ao desenvolvimento extraordinariamente potente, bem como agressor do desenvolvimento cerebral, redutor da habilidade de cognição e do QI de crianças, atuando em doses infinitamente pequenas. O cádmio é um potente neurotóxico e carcinogênico, enquanto o estanho pode causar supressão imunológica e disfunção no sistema endócrino.

Os estabilizantes metálicos são liberados durante todo o ciclo-de-vida dos produtos de PVC.

Os estabilizadores metálicos são liberados dos produtos de vinil quando eles são formulados, utilizados e jogados fora. A liberação de estabilizadores de chumbo do interior dos materiais de construção civil já foi documentada. Os metais não são destruídos pela incineração, mas são inteiramente liberados para o ambiente, via emissões aéreas ou pelas cinzas. Os resíduos dos incineradores são a fonte primordial da poluição de chumbo, cádmio e chumbo, sendo que o PVC contribui com quantidades significativas destes metais. A estimativa, para os incineradores, é de 45 mil toneladas de chumbo por ano.
Incêndios acidentais em prédios e aterros de lixo são também fontes potencialmente importantes de chumbo e cádmio. Nestes sinistros, os metais do PVC serão liberados para o ambiente. Há a espantosa quantidade de 3,2 milhões de toneladas de chumbo presentes em estoque nos produtos de PVC em utilização. O chumbo que poderá ser liberado desta fonte de PVC precisa ser visto como um imenso risco potencial à saúde em geral.

O PVC flexível ameaça a qualidade do ar em ambientes fechados.

Os produtos de vinil flexíveis aparecem como danosos à saúde em ambientes fechados, pobres em ventilação, tanto pela liberação de ftalatos como por oportunizar a proliferação de fungos perniciosos.
Produtos de PVC liberam ftalatos nos espaços internos dos prédios.
Os níveis de ftalatos nos espaços internos das edificações são significativamente muito mais altos dos que os que são verificados na atmosfera das áreas externas. A acumulação de ftalatos nas poeiras em suspensão e nos sedimentos das áreas internas é particularmente alta, em concentrações tão elevadas nas poeiras como mil partes por milhão.

A exposição a ftalatos pode estar conectada à asma.

Em animais de laboratório, metabólitos de ftalatos utilizados em produtos de vinil causam sintomas tipo asma de acordo com mecanismos infamatórios perfeitamente descritos. Três estudos epidemiológicos diferentes demonstraram que a exposição humana ao PVC em interiores de edificações causava elevação significativa dos riscos de asma e outras complicações pulmonares incluindo obstrução bronquial, respiração ofegante, pneumonia, tosse comprida, irritação das vias nasais e dos olhos.
Os produtos de PVC podem liberar metais pesados no ambiente dos prédios.
Estabilizantes metálicos, particularmente chumbo e cádmio podem ser liberados dos produtos de vinil. Quantidades significativas de chumbo foram detectadas na atmosfera por terem sido liberadas das persianas bem como na água que teria circulado por tubulação de PVC. Efeitos toxicológicos destas substâncias incluem danos neurológicos e aos processos reprodutivo e do desenvolvimento.

O vinil em cobertura de paredes encoraja o crescimento de fungos perniciosos.

Em razão da cobertura das paredes com vinil formar uma barreira impermeável à umidade, redunda no encorajamento do desenvolvimento de fungos em suas superfícies abaixo do vinil, particularmente em prédios onde as condições do ar condicionado e dos sistemas de aquecimento produzem diferenciais significativas de temperatura e umidade entre as peças e vãos das paredes. Alguns fungos que crescem abaixo do vinil produzem substâncias tóxicas que são liberadas na atmosfera e são suspeitas de causarem severos problemas de saúde humana. Numerosas situações são ativadas quando há a conexão entre os fungos originários dos produtos de vinil e os sintomas neurológicos e respiratórios entre as pessoas que foram expostas. O vinil tem sido citado entre os materiais de construção civil de interiores que mais facilitaria o crescimento deste tipo de fungos.

Trabalhadores e comunidades que foram expostos a substâncias tóxicas devido à produção de PVC.

Na produção de PVC, muitas toneladas dos precursores EDC (ethylene dichloride/etileno dicloro) e VCM (vinyl chloride monomer/ monômero de vinilcloreto) são, anualmente, liberadas tanto no local de produção e trabalho como nos ambientes do entorno.
Os precursores do PVC causam câncer e outros impactos à saúde.
Ambos, o EDC e o VCM causam cânceres em animais de laboratório. O VCM é classificado como um conhecido cancerígeno humano e o EDC é um provável carcinogênico humano. O incremento dos riscos do câncer de fígado e do cérebro foi documentado entre os trabalhadores expostos ao VCM. São tóxicos ao sistema nervoso e causam uma série de outros impactos sobre a saúde humana. Há uma evidência preliminar de que os trabalhadores envolvidos na produção de produtos de PVC podem apresentar riscos elevados de contraírem câncer testicular.

Não há níveis seguros de exposição ao VCM.

Apesar das exposições nos locais de trabalho como nos espaços de produção de químicos e de plásticos nos USA terem sido significantemente reduzidas dos níveis dos anos sessenta, não há limites abaixo dos quais o VCM não aumente os riscos de cânceres. Assim, a exposição corrente nos USA continua a colocar riscos de câncer entre os trabalhadores. Em face disto, a exposição ocupacional a VCM permanece extremamente alta em alguns espaços de produção no leste europeu e na Ásia.

A produção de derivados de VCM é a maior das poluidoras.

Foram documentadas severas contaminações em comunidades e cursos d’água nas vizinhanças de áreas de produção de derivados de VCM. Na Louisiana/USA, níveis significativamente elevados de dioxinas foram detectados no sangue da população que vive perto de locais de produção de derivados de VCM. Uma série de comunidades foi evacuada devido à contaminação dos lençóis freáticos onde níveis extremamente elevados de subprodutos altamente persistentes e bioacumulativos atribuídos à produção de VCM foram detectados nos mananciais hídricos próximos. Na Europa, a produção de derivados de VCM causou severas contaminações com dioxinas e outros subprodutos.

A produção de produtos clorados consome enormes quantidades de energia.

A produção de clorados é um dos processos industriais do mundo mais intensivo em energia, consumindo em torno de um por cento do consumo de eletricidade total do planeta. A produção de cloro para o emprego em PVC consome estimativamente 47 bilhões de kilowatts/hora por ano. É equivalente à produção total por ano de oito usinas atômicas de tamanho médio.

A produção de clorados provoca poluição com mercúrio.

O processo com base a mercúrio para a produção de clorados abarca mais ou menos um terço da produção total no mundo de clorados. Neste processo, grandes quantidades de mercúrio são liberadas no ambiente. O mercúrio é hoje um dos poluentes que causam severos impactos sobre o desenvolvimento e os sistemas reprodutivo e neurológico em baixas doses. O ciclo-de-vida do vinil está associado com a liberação contínua no ambiente, de muitas toneladas de mercúrio por ano.

O PVC é extremamente difícil de ser reciclado.

Pequena quantidade de PVC é reciclada. E esta situação é muito pouco provável que se altere no futuro próximo. Em razão de que cada produto de PVC conter uma mistura única de aditivos, o pós-consumo de produtos de PVC com estas misturas é extremamente difícil já que não se consegue ter produtos de vinil com a qualidade equivalente aos produtos originais. Mesmo na Europa onde a reciclagem de PVC é mais avançada dos que nos USA, menos do que três por cento do PVC pós-consumido é reciclado, sendo que a maioria dele é meramente um dos componentes de segunda linha agregado a outros produtos. Significa então que não há real redução na produção de PVC “virgem”. Lá pelo ano 2020, somente nove por cento de todo o lixo pós-consumo de PVC espera-se que venha a ser reciclado na Europa, com um máximo potencial de não mais do que 18 por cento.

O PVC é um dos produtos de consumo ambientalmente mais perigoso que jamais foi produzido.

O ciclo-de-vida do PVC apresenta uma oportunidade depois da outra tanto para a formação como para a descarga de organoclorados e outras substâncias perigosas no ambiente. Quando o ciclo-de-vida é considerado por inteiro, torna-se claro de que este plástico aparentemente tão inócuo é um dos produtos de consumo produzido mais perigosos, sob o aspecto ambiental, por gerar enormes quantidades de organoclorados tóxicos e persistentes, liberando-os tanto nos espaços internos como externos onde estiverem presentes. O PVC contribui com uma porção significativa dos níveis mundiais de poluentes orgânicos persistentes e alteradores do sistema endócrino, incluindo dioxinas e ftalatos, que hoje estão presentes universalmente tanto nos ambientes como nos organismos das populações humanas. Fora de quaisquer dúvidas, o PVC é causador de consideráveis doenças ocupacionais e um profundo contaminador dos ambientes locais.

Em suma: os precursores, os aditivos e os subprodutos presentes no ciclo-de-vida do PVC já estão presentes nos ambientes de produção, local e globalmente, em níveis inaceitavelmente altos. Esforços para reduzir a produção e liberação destas substâncias deveriam ser prioridades para as saúdes pública e ambiental.

Este é o tempo de banirmos os materiais de construção civil feitos de PVC.

Os perigos colocados pela dioxina, pelos ftalatos, metais pesados, cloretos vinílicos e etileno dicloreto são intrínsecos ao PVC. Ao mesmo tempo contém cloro e exige plastificantes ou estabilizantes. E é largamente utilizada em materiais de construção civil. Por esta razão, os materiais de construção feitos com PVC representam um significativo e desnecessário risco à saúde ambiental e bani-los em favor de alternativas mais seguras deveria ser uma alta prioridade.
O PVC é a antítese do processo de construção de moradias saudáveis, seguras e acolhedoras. Esforços para uma rápida adoção de substitutos saudáveis e seguros poderiam trazer benéficos significativos e tangíveis para as saúdes humana e do ambiente.
Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Sobre Renan - por Mino Carta

06/09/2007 18:47
Sim, são iguais
Qual é o país de democracia autêntica e civilização avançada, onde o presidente do Senado, envolvido em falcatruas e mazelas, resiste impassível, agarrado à sua cadeira? Haveria ali outro Renan Calheiros? O nosso Renan é o símbolo vivo de uma terra medieval, o seu comportamento transcende a política, abarca, em todos os aspectos e em todas as direções, um modo de vida mafioso. Leitores de jornais e revistas, em boa parte filiados ao clube do privilégio, desprezam Renan e o apontam à execração geral e irrestrita da nação. Não percebem o quanto ele representativo da classe a que pertencem. Sem meias palavras, Renan é elite. Em condições normais, não hesitaria em participar de um desses eventos organizados por João Dória Jr., o iconoclasta-mor, para a diversão da fina flor do empresariado e até de alguns ministros, com direito a uma conferência de Fernando Henrique Cardoso, o nosso Clinton. Digo mesmo que Renan, enlevado, envergaria o uniforme de Indiana Jones para dançar à beira da piscina em Comandatuba. Vivemos uma quadra de escassa reflexão e baixo quociente de inteligência. A capacidade de raciocínio está em xeque, e neste pântano a questão moral afunda, à tona sobram apenas as bolhas do desastre. Algo é certo, a Máfia é mais competente e menos hipócrita.
enviada por mino
*** extraído do BLOG DO MINO

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

David Holmgren

David Holmgren em entrevista 16/08/2007
A mudança exterior começa internamente
Silvia Pugsley
De passagem pelo Brasil, Holmgren fala sobre sua vida, a evolução de suas idéias, o rumo que a permacultura tomou com o tempo e a situação atual do meio ambiente
Um dos criadores da Permacultura, David Holmgren, esteve no Brasil, onde ministrou curso sobre o tema para permacultores formados. Durante a estadia de uma semana em Florianópolis em maio passado, Holmgren concedeu uma entrevista na casa dos permacultores Jorge Timmermann e Suzana Maringoni. Confira a seguir a entrevista na íntegra:
Silvia - Como é a sua vida na Austrália?
Holmgren - A gente mora numa cidade pequena, com 6 mil pessoas, é como uma vila. Há ainda duas comunidades com as quais estamos envolvidos. A vila que tem poucas pessoas. Algumas são permacultoras e outras não, mas todos temos um jeito similar de viver. Talvez sejamos vistos como mais extremistas e radicais para os australianos que possuem um jeito de viver muito dependente do consumo. Outras pessoas consideram radicais apenas algumas das coisas que fazemos. Eu acredito que a gente balanceia. Meu trabalho é mais ou menos um terço de trabalho com design, ensinar (permacultura) e falar em público, mais um terço de pesquisa e contatos e outro terço trabalhando na terra.
- Para ver na íntegra: http://www.permear.org.br/

PVC - PERIGO!

Perigos do uso do PVC – 31/07/2007
Muitas vezes vamos a locais que tem uma preocupação com o meio ambiente, e em construir soluções permanentes e nos deparamos com canos de PVC… ainda é pouco difundido pela mídia os riscos e reais perigos do uso deste material. Assim, este artigo retirado da página http://www.nossofuturoroubado.com.br/pvccontru.htm, vem auxiliar na difusão desta informações importantes na construção de uma vida permanente no planeta.
IMPACTOS AMBIENTAIS DO POLIVINIL CLORETO (PVC OU V)EM MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL E EM ARQUITETURARELATO SUMÁRIO PARA “HEALTHY BUILDING NETWORK”
Rede da Construção Civil SaudávelJOE THORNTON, Ph.D
Para dispor do trabalho integral de 110 páginas contatar “Healthy Building Network” 2425 18thStreet, NW, Washington DC 2009-2039)
Sobre o autor
Joe Thornton, Ph.D., é pós-doutorado, cientista e pesquisador do Instituto da Terra e do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade de Columbia/USA. Suas pesquisas estão focadas nas implicações políticas e sobre a saúde, em razão da poluição química global e na evolução molecular do sistema endócrino animal. Colou os graus de Ph.D., M.A. e M.Phil. em ciências biológicas na Universidade de Columbia e o B.A. na Universidade de Yale/USA.
É autor do livro “Pandora’s Poison: chlorine health, and a New Environmental Strategy/O veneno de Pandora: cloro, saúde e uma nova estratégia ambiental” (MIT Press, 2000). Depois de uma ação conjunta com a Universidade de Columbia, em 1995, em co-autoria com a American Public Healthy Association/Associação Americana de Saúde Pública, tem lutado pela eliminação do PVC em equipamentos e utensílios médicos devido seu comprometimento pela formação de dioxinas na incineração de resíduos hospitalares. Seus trabalhos vêm sendo publicados em numerosos periódicos científicos, entre eles: Proceedings of the National Academy of Sciences, Annual Review of Genomics and Human Genetics, Public Healthy Reports, Bioessays, Sistematic Biology e International Journal of Occupational and Environmental Health.
SUMÁRIO DOS OBJETIVOS
Nos últimos quarenta anos, a resina plástica -polivinil cloreto- (PVC) transformou-se no material de construção civil mais empregado. A produção global de PVC, também conhecido nos USA como vinyl, atinge atualmente um total de mais de 30 milhões de toneladas/ano. A maioria desta produção está dirigida diretamente para materiais de construção civil, mobiliário e aparelhos eletrônicos. A fabricação, a utilização e a disposição de PVC apresentam perigos substanciais e únicos tanto à saúde humana como ambiental. Através do mundo governos, empreendimentos e organizações científicas têm reconhecido os riscos trazidos pelo PVC. Em praticamente todas as nações européias, determinados empregos de PVC foram totalmente eliminados por razões ambientais. Já certos países têm programas ambiciosos para reduzir completamente qualquer uso. Um grande número de comunidades tem políticas de rejeição ao PVC e dezenas de organizações ligadas ao “green buildings” (eco-engenharia) estão construindo com mínima ou nula presença de PVC. Firmas industriais e comerciais anunciam medidas para reduzir o consumo de PVC e estão usando ou produzindo materiais alternativos numa ampla variedade de setores produtivos, incluindo materiais de construção.
Este texto discute os perigos do ciclo-de-vida do PVC e que estão estimulando este movimento em larga escala de eliminação de todos os produtos que contenham PVC.
- extraído do site: www.permear.org.br

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Um novo ser

A vida prega várias peças na gente... Um dia estamos bem, outro não. Somos ingratos por tudo de bom que nos acontece, ficamos intimidados pelo atropelo da centralidade do trabalho nas nossas vidas! Não temos tempo (vixi!) de olhar o horizonte, sentir o vento nos acariciar a pele, da nossa face, saber de que lado do céu o sol nasce... Nos afastamos da natureza! Vivemos subjulgando-a. Estamos acima dela. Assim, dessa forma, não fazemos parte dela...
A natureza... que nos traz a vida! Que faz brotar a vida dentro da gente! Estou em busca da natureza, seja ela humana ou holística, seja planeta, universo, seja o humano - eu, minha família, meu próximo... Estou perto, vou conseguir! Quero ver a vida nos olhos de todos. Nos olhos do meu amor... nos da minha filha... até nos meus! Viva a vida! Estou feliz! Uma criança vem no horizonte!

domingo, 2 de setembro de 2007

A Picanha da Classe Médica - do informativo Caros Amigos

A picanha da classe média
por Carlos Azevedo

Recentemente, tenho lido com freqüência manifestações indignadas segundo as quais, enquanto a classe média (elite) dá um duro danado para construir o Brasil, trabalha, paga impostos etc., o povo fica só de “chupim”, vivendo do Bolsa Família. A Veja acaba de publicar uma pesquisa que, de acordo com a interpretação da revista, demonstra ser a elite o que há de melhor no país, e que todo o nosso atraso se deve à ignorância do povo.

Fiquei impactado com essas revelações luminosas, mas não perdi a fome (afinal, ninguém é de ferro, nem a elite e muito menos o povo). Fui a um restaurante e pedi uma picanha. Ela veio no ponto, rosadinha e macia. Agradeci à classe média por essa maravilha. Quantos dias de trabalho deve ter custado a essas senhoras e senhores respeitáveis, cidadãos cumpridores de seus deveres, fazer uma picanha como essa? Tem que cuidar da vaca, do bezerrinho dela, dando ração todo dia, curando suas doenças até virar novilho, tudo isso pisando em bosta de boi, sem esquecer aquele cheiro de curral. Depois, matar o boi etc. etc., até extrair a maravilhosa picanha. Enquanto isso, o povo ó!, só no Bolsa Família.

Aí, peguei meu carro para ir para casa. E agradeci de novo à classe média laboriosa pelo petróleo que ela produz generosamente. (Não, não são os petroleiros, você precisa ler mais a Veja.) E pelo seu ingente trabalho de plantar cana, fazer álcool, para misturar na gasolina. Agradeci pelo carro também, porque quem senão ela faz o carro? E assim fui pensando em tudo de bom que a classe média produz, meus sapatos, as roupas, meu chapéu (eu uso chapéu quando faz frio!); em tudo que ela constrói, os prédios, as ruas, as estradas. E tudo o mais: telefone celular, televisão, computador, Internet... Percebo que Adam Smith, Ricardo e Karl Marx enganaram-se redondamente em dizer que o valor vem do trabalho. Ele vem é da classe média!

E acabei pasmo, pensando em como é difícil para a classe média (elite) ter de carregar nas costas esses milhões de operários, técnicos, cientistas, trabalhadores na agricultura, bóias-frias, camponeses sem terra, índios, esses vagabundos! Ainda bem que ela consegue se distrair nos shopping centers, cinemas, na televisão a cabo, no Orkut (que ela fez), matar a saudade da Disney comendo sanduíche do Mcdonalds (que a classe média americana fez). Oh, meu Deus, que peso! Não é de estranhar que esteja tão cansada! Por que o governo não cria também uma Bolsa Classe Média?

Carlos Azevedo é jornalista

Domingo Pífio - do correio Caros Amigos

Domingo pífio
por João de Barros

Domingo de manhã. Faz frio em São Paulo. Minha mulher, arquiteta, pergunta-me se não quero acompanhá-la a uma obra (uma reforma de um escritório de advogados) que está sob sua responsabilidade, na avenida 23 de Maio, em São Paulo. Vou, pilotando o carro por toda a avenida Brasil até chegar ao parque do Ibirapuera, bem em frente à Assembléia Legislativa. De repente, uma movimentação de pessoas nos chama atenção. A maioria está impecavelmente vestida, de roupas jeans, sobretudos e blusas negras, alguns ostentam relógios e algumas jóias. Contorno, devagar, o movimento do “empurra”. Vejo carros estacionando por todo canto. As pessoas – todas bem arrumadinhas –, fico sabendo, se dirigem a uma passeata. Passeata? Mas só tem grã-fino, (diz até que havia um empresário escoltado por dois seguranças) e muita gente que se comunica a todo instante via celular. Estranho.
Dia seguinte, leio que aquela havia sido a primeira manifestação de “familiares e amigos” das vítimas do vôo da TAM, que se acidentara a semana anterior, matando 199 pessoas. Mais do que isso: fico sabendo que, em nome da memória dos mortos, boa parte da curriola que andou até o prédio que marcou o fim da tragédia estava vinculada a entidades como Endireita Brasil, organização que, segundo o próprio site, traz entre seus ideais e princípios “a primazia das liberdades individuais sobre o interesse coletivo, a livre iniciativa, o livre mercado”, e por aí vai. Até um avião da TAM, que se preparava para pousar em Congonhas, foi saudado com vaias dos manifestantes.
Na semana seguinte, mais surpreso ainda, vi que inúmeros pândegos se aglutinavam num movimento cívico denominado Cansei, que, capitaneado pela Ordem dos Advogados do Brasil, seção São Paulo, revelava nomes como o de João Dória Júnior – entrevistador da Rede TV! que patrocinou um concurso do cachorro mais bonito de Campos de Jordão e foi um valoroso arrecadador de fundos de Alckmin para a presidência da República –, Alencar Burti, da Associação Comercial (que faz do impostômetro um ícone anti-Lula), do presidente da Philips do Brasil, Paulo Zottollo, e do obscuro Jesus Sangalo, um robusto senhor que traz em seu bojo o título de irmão de Ivete Sangalo. A palavra de ordem do movimento fazia do combate à corrupção a mola mestra de uma campanha que já se assanhava num “Fora Lula”.
Dia 17, o Cansei programou um minuto de silêncio na Catedral da Sé e – segundo o presidente da OAB-SP, Luiz D”Urso – pôr fim à campanha. “Não faremos passeatas nem discursos contra o governo”, diz. Se acabar assim, melhor. Duro mesmo vai ser testemunhar no altar da catedral as figuras carimbadas da elite do “Fora Lula”: Ivete Sangalo, Juca de Oliveira, Leonardo, Hebe Camargo, Ana Maria Braga e a ex-namoradinha do Brasil, Regina Duarte, a mesma que declarou na eleição de 2002 estar “morrendo de medo do governo de Lula”. Lá só faltarão Agnaldo Rayol, Ronnie Von, Moacir Franco e Adriane Galisteu. Aposto um doce como pelo menos um desses estará lá. Ou não me chamo João.

João de Barros é jornalista

As amendoeiras de Drummond

Um dia o Drummond escreveu, numa dos suas crônicas no JB - os mais moços não sabem, mas o JB já foi um jornal respeitado, de circulação nacional, lido, diariamente, por muita gente - que as amendoeiras, por não serem nativas, não lidavam bem com as estações. De alguma forma, a memória atávica da planta havia sido perturbada com a mudança de ambiente e elas simplesmente se comportavam em desalinho com a natureza.
Eu trabalhava, na ocasião, em frente ao Passeio Público, no Rio de Janeiro. Ali havia - não sei se ainda há - muitas amendoeiras. Era fascinante perceber que não existia qualquer compromisso coletivo de parte delas. Umas bem floresciam, outras desfolhavam, umas iam no ápice do verão e outras curtiam o desfolhado do inverno. Na boa, como se fosse assim mesmo, como se não houvesse uma ordem natural.
Nunca deparei melhor explicação que a do poeta. Elas eram, aquelas árvores,
seres de outro lugar, completamente inadaptados à natureza local. Só isso.
Suas almas eram sintonizadas com outras paragens, com outro ciclo, e elas
eram incapazes de perceber o que ia ao redor. Não eram plantas más, rebeldes ou malcriadas. Apenas alienígenas. Fôssemos, então, compreensíveis e tolerantes com o transtorno - se é que o era - que produziam.
Isso tudo resultado de eu me ter posto a pensar sobre porque os Clovis Rossi da vida andam a se comportar da forma que temos assitido. E me parece, refletindo um pouco melhor, que o Clovis Rossi, a Eliane Catanhede, a Míriam Leitão, o Renato Machado, o Jabor, o Augusto Nunes - não, o Augusto Nunes não! -, esses todos, são uma gente cuja alma é alienígena. Cada um deles, como as amendoeiras, tem registros atávicos que os torna incompatíveis com a natureza local. Como as amendoeiras, eles não entendem o que se passa no seu entorno. E como as amendoeiras, não são bons ou ruins, apenas são alienígenas. São, todos, aparentados - talvez por isso tenham, invariavelmente, profissões correlatas - entre si, descendem de uma grande família de gente que aportou por cá sem querer. Tudo bem branquinho. Tudo europeu, americano-do-norte, marciano, sei lá eu de onde, mas de bem longe. De outro hemisfério. De um lugar cuja natureza não se afina com a daqui. Aí, dá esse furdunço mental nos pobres. É só isso. É o povo amendoeira. Incapaz de perceber o que está acontecendo.
É curioso reparar que alguns nem parecem tão alienígenas, assim. A Miríam Leitão, por exemplo, até se percebe meio miscigenada. Como diria O Príncipe, com um pé na cozinha. Mas a alma é tão branquinha! É vê-la falar e somem as dúvidas: ali está uma legítima, perfeita, completa amendoeira.
O Drummond clamava por tolerância com a incapacidade das amendoeiras. Talvez fizesse o mesmo em relação ao povo amendoeira. Sei não. Ainda que eu seja uma criatura doce e meiga, que eu considere muito a opinião do Drummond, que
eu seja capaz de entender que os amendoeira não são do mal - não, ao menos,
em essência -, sei não. Acho que não vai dar pé. É que o preço pode ser
muito alto. Vai que desanda o projeto dos muitos e que os poucos - e insuportáveis - voltem ao controle geral. Vai que dá tudo pra trás. Sei que eles não fazem por mal, que não tem intenção de sacanear, mas não dá. É muito risco. Aí: não vai dar pé, não! Então, é isso: pau nos amendoeira!Recusei, aí acima, o Augusto Nunes nos amendoeira. É que esse não é alienígena, não. É, apenas, idiota, Tem a alma degradada pela idiotia e pela subserviência.
Um abraço, Lima.